Por que existe repressão sexual? > A repressão sexual é um enigma estranho e paradoxal. Se todo ser humano sente prazer com estímulos sexuais, por que então, o tempo todo e em toda parte, sempre existe alguém tentando restringir a liberdade sexual das pessoas? Uma explicação possível está no fato de que, quanto mais se vai ampliando e aprofundando a vida sexual, com mais coragem, vontade e decisão se vai vivendo. Transgredir e contestar as regras impostas pode, portanto, tornar as pessoas “perigosas”.

W. Reich, profundo estudioso da sexualidade humana na primeira metade do século XX, vai mais longe ainda. Ele afirma que a repressão sexual da criança torna-a apreensiva, tímida, obediente, “simpática” e “bem comportada”, produzindo indivíduos submissos, com medo da autoridade. O recalcamento — resultado da interiorização da repressão sexual — enfraquece o ‘Eu’ porque a pessoa, tendo que constantemente investir energia para impedir a expressão dos seus desejos sexuais, priva-se de parte de suas potencialidades.

Reich conclui que o objetivo da repressão sexual é o de fabricar indivíduos para se adaptar à sociedade autoritária, se submetendo a ela e temendo a liberdade, apesar de todo o sofrimento e humilhação de que são vítimas. Talvez isso explique por que muitas pessoas preferem tomar tantos ansiolíticos e antidepressivos ao invés de ousar pensar e viver de forma diferente.

Não é de admirar, portanto, que tanta gente renuncie à sexualidade ou que a atividade sexual que se exerce na nossa cultura seja de tão baixa qualidade. Na maioria das vezes ela é praticada como uma ação mecânica, rotineira, desprovida de emoção, com o único objetivo de atingir o orgasmo o mais rápido possível. Resulta daí ser o desempenho bastante ansioso, podendo levar a um bloqueio emocional e a vários tipos de disfunção, como impotência, ejaculação precoce, ausência de desejo e de orgasmo, sem falar nos casos mais graves de enfermidades psíquicas. É preciso descomplicar o sexo.

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