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ORI · @orivlr

4th Dec 2022 from TwitLonger

Até logo, VALORANT.


Hoje uma nova jornada se inicia na minha vida e eu gostaria de dizer algumas coisinhas a todos que ainda me acompanham por aqui e aos que chegaram há pouco e não sabem da minha trajetória (caso não queira ler tudo, pule pro último parágrafo).

Há quase dois anos atrás eu dei início ao que viria a ser minha carreira competitiva como profissional de eSports. Joguei meu primeiro campeonato toda borrada de medo, vergonha, inseguranças e falta de confiança. Joguei o segundo, o terceiro e fui ganhando um espaço de apoio que me fez criar muita força pra continuar. Um lugar onde sempre me fizeram pertencer e me apoiaram pra seguir tentando, mesmo com todas as dificuldades.

Apesar de tudo que sabemos que acontece no cenário hoje, posso dizer que sim, criamos um espaço de consciência e representatividade. Apesar da dificuldade que é ler chats de transmissões e algumas respostas de tweets, sinto que ao menos boa parte do cenário já aprendeu bastante com a nova dinâmica inclusiva do campeonato.

O Gamechangers realmente mudou a minha vida e eu serei eternamente grata a todos os ensinamentos que tive nesses últimos anos. Foi a primeira vez que me senti fazer parte de um lugar e, de todos os empregos que já tive, esse foi o único que me permitiu ter orgulho de ser quem eu sou. Aqui, agradeço à Riot Games pela implementação do cenário para gêneros marginalizados e reforço que acredito na importância de seguirem investindo na causa.

Foram quase dois anos de muitas tentativas, passagens curtas em organizações e uma leve sensação de investimento que por duas vezes passou na minha cabeça e me fez acreditar que valia a pena investir meu tempo, psicológico e todo meu futuro nisso. Larguei a faculdade, saí da casa dos meus pais (não foi lá tão pacífico assim, quem me acompanha desde a época sabe bem) e decidi arriscar a vida como jogadora profissional. Fiz bootcamp, viajei de avião pela primeira vez (e depois muitas outras), conheci e joguei nos estúdios da Riot em São Paulo e pude conhecer outras jogadoras de perto. Pra mim, eu estava no lugar certo.

Mas como todas que se aventuram nessa vida sabem bem, nem tudo são flores. Minha carreira aqui foi construída a partir de experiências ruins e muito limitadas, coloquei meu nome em risco pra defender a mim mesma e a quem dava a entender que estava comigo também. Nunca deixei de colocar o meu na reta se fosse preciso pra ajudar quem eu acreditava que fosse necessário. Nunca passei por cima de ninguém pra chegar onde cheguei e ter minhas pequenas conquistas pessoais. Me despeço hoje de cabeça erguida e sabendo que fiz o que pude por mim, pelos meus e pelo cenário. Deixo aqui parte da minha história.

Essa semana pela primeira vez tive coragem pra assistir a minha participação no documentário do Gamechangers que foi exibido durante o primeiro presencial que joguei. Aquele amor por competir segue vivo em mim, mas é preciso entender a hora de ir. Agora entendo que não posso seguir acreditando num futuro quase impossível, numa carreira incerta e que me consome de ansiedade. Preciso de certezas pra seguir em frente, não sou o tipo de pessoa que consegue um trabalho com facilidade quando eventualmente decidisse parar por aqui. A vida tem suas dificuldades pra cada um e eu tenho consciência das minhas.

Hoje me despeço e anuncio meu afastamento e/ou aposentadoria como jogadora profissional. Me despeço de vocês, do pouco que conquistei e do apê que aluguei pra poder viver esse sonho. Viver do cenário competitivo exige alguns privilégios que eu não possuo agora e é preciso reconhecer isso. Amo competir e espero que essa despedida não seja definitiva.
Não vou me afastar completamente do cenário e pretendo continuar falando de Valorant, criando conteúdo e é possível que em algum momento volte com as lives.. Por hora, obrigada aos que acreditaram em mim e me deram forças pra continuar. Vocês são incríveis e espero que continuem fazendo o mesmo pelos que seguirem levantando as nossas bandeiras pelo cenário.

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