𝕵𝖆𝖈𝕶 ⚡𝖎𝖑𝖘𝖆𝖓 · @Jacksilsan
22nd May 2017 from TwitLonger
Placar final: WannaCry 1x0 BUILD 2017
A praga WannaCry ofuscou a BUILD 2017, sim ou claro? Passados alguns dias após o evento da Microsoft ainda se fala muito sobre o malware – e pouco ou mesmo nada sobre o Fall Creators Update, ou sobre o speaker da Harman motorizado com a Cortana, ou sobre os conjuntos de headsets mais controles para realidade mista, ou sobre o Fluent Design System. É impressionante a quantidade de pessoas que ainda usam versões não suportadas do Windows. Cara, Windows XP em pleno 2017 é um fato a ser estudado. E há ainda quem se agarre firmemente ao Windows 7, que era elegível à atualização para o Windows 10 – segundo alguns estudos a maioria dos computadores contaminados com o WannaCry rodavam Windows 7 aliás http://www.bbc.com/news/technology-39997581?ocid=socialflow_twitter . Qual é o real problema desse apego? Será que é apego mesmo? Será que a Microsoft não facilitou eficientemente a migração para os sistemas posteriores ao XP? Segundo alguns desenvolvedores com os quais converso, sim falta integração com a comunidade dev do Windows. E o que dizer de quem simplesmente não atualiza o Windows em suas versões ainda suportadas? Falta conhecimento e coerência, muitas vezes. Em várias empresas TI parece ser o lugar dos moleques que jogam videogames apenas, e as pessoas não percebem que tem um recurso valioso que são os dados – apenas pense nos milhares de programas legados que gerenciam diversas atividades empresariais no mundo todo, lidando com informações vitais para suas atividades. A Ponte para Desktop, conhecida anteriormente como Project Centennial, para a Universal Windows Platform do Windows 10 está aí desde 2015 para garantir que muitos desses apps sejam convertidos, mas essa migração até agora foi mínima. E os dados de muitas empresas continuam em risco. Pelo menos a Microsoft de forma surpreendente fez a sua parte (que nem tinha obrigação de fazer) e liberou os patchs de segurança pra barrar o WannaCry. Certamente temendo alguns processos (causa quase perdida, afinal o Windows XP por exemplo perdeu suporte em 2014, e a Microsoft avisou várias e várias vezes que isso aconteceria, e o Windows 7 era elegível tanto ao patch de segurança quanto a uma atualização para o Windows 10), e que o ataque ofuscasse a BUILD 2017. E claro que a BUILD foi totalmente ofuscada. Mas não relaxe – já há novas versões do WannaCry circulando pela rede http://adrenaline.uol.com.br/2017/05/20/49763/microsoft-e-acusada-de-ter-o-patch-que-protege-o-windows-xp-do-wannacry-desde-fevereiro/ .
Sobre a BUILD 2017, sim, as novidades foram muitas. Uma nova versão do Windows com uma nova identidade visual que claramente abrange a realidade mista https://twitter.com/Nawzil10/status/862999401257742338 , vários novos recursos (e alguns não tão novos assim, como o Files on Demand), um Movie Maker remodelado e rebatizado com muitas habilidades extras, bons óculos de realidade mista da HP e da Acer, que foram anunciados junto com versáteis controles manuais desenvolvidos pela Microsoft, Cortana se espalhando em novos equipamentos além de smartphones, tablets e computadores, novos e surpreendentes apps chegando na (ainda) Windows Store, caso do iTunes e das distros Linux Ubuntu, SUSE e Fedora https://www.youtube.com/watch?v=6TYtHJpgKK4 https://www.youtube.com/watch?v=YKK_XHMFE3U , e até um smartphone adaptado para ser usado como máquina de pagamentos com cartão, rodando Windows 10 completo – até agora, a coisa mais impressionantemente próxima que eu vi de um cellular PC, ainda que tenha uma interface pouco amigável para usar com toque https://twitter.com/Jacksilsan/status/866098985278345216 . Mas passado o calor da emoção, ficou uma pergunta na minha cabeça: De tudo aquilo que foi apresentado, o que chegará ao usuário final? No máximo, os hardwares anunciados – que quase certamente não virão para o Brasil e nem para muitos outros mercados emergentes – alguns programas Win32 convertidos via Ponte para Desktop, algumas funções novas do Windows e o Fluent Design System. E só para quem atualizou seu dispositivo para o Windows 10, e como o WannaCry expôs, uma legião de usuários não fez questão dessa atualização. Ou seja, não tinha como o malware não ofuscar a BUILD 2017. E de novo, cadê a parte para devs? Essa é a parte que interessa para a plataforma UWP, e eu não vi nenhum novo pacote de API's para Windows 10 serem anunciadas na BUILD. Fala sério, tem desenvolvedor que ainda não sabe o que é a Ponte para Desktop nem conhece a Universal Windows Platform. Muitos continuam usando versões antigas do Windows por conta de programas Win32 legados. O problema é que uma parte desses usuários poderia migrar esses programas para a Loja usando a Ponte para Desktop, ferramenta de conversão da Microsoft para a UWP, mas não o fez. E há outros tantos que simplesmente não conseguem fazer a conversão por falta de alguma API. Esse problema é o mesmo que o Google teve no começo do Android, quando o sistema após apenas dois anos sem emplacar, fez a gigante de Mountain View se reunir com os desenvolvedores para conversar sobre quaisquer que fossem os problemas que impediam a chegada de apps para a então chamada Android Market. Na época, a prioridade era a AppStore do iPhone.
Já passou da hora da Microsoft fazer a mesma coisa – chamar a comunidade dev e dizer “senta aqui, vamos conversar”. Faltam API's? Quais? O que é necessário para que os hospitais de Londres deixem de usar o Windows XP, ou para que a maioria das empresas do planeta larguem o Windows 7? Essas ferramentas para migração de programas legados precisam ser arranjadas o quanto antes. Não sabe o que é a Ponte para Desktop? Mostra para todos como funciona na prática, fazendo a lição de casa inclusive e colocando o Visual Studio na Loja, e não apenas criando uma versão para Mac (como de fato foi feito). Essa demonstração deveria ser feita em uma BUILD inclusive. Não foi dessa vez, mas quem sabe em 2018.