Charutos do mal - Aldir Blanc

As duas gestões de Dinamite foram catastróficas porque Eurico raspou o cofre

Não por acaso, foi solto um dos fraudadores da Receita, décadas de roubalheira no Paraná, capitania hereditária de Bato Racha. Juiz Moro, por que a Receita pode roubar justamente no estado (tucano) em que estão presos peixes grandes implicados na Operação Lava-Jato? Conseguiram destruir os “emails sondas” a tempo? No momento em que escrevo, novos acréscimos à esbórnia com os trens metropolitanos de São Paulo. Os responsáveis pelos crimes prometem apurar...

Hoje vou deixar os megaladrões de molho e falar do Vasco. Não que o clube tenha atualmente alguma importância, mas escreverei devido a um acontecimento que me afetou muito e que ficará claro no final do texto.

Eurico Miranda tornou-se o tirano da Colina graças à fraqueza do ex-presidente Calçada. Foi daí que veio a gozação “de calçada pra sarjeta”. Entre micos e orangotangos que Eurico pagou, temos as perdas de dois mundiais com a marca da crescente euricubaca: um incrível gol contra do volante Nasa e o pênalti isolado por Edmal, o Animundo. Depois, Eurico meteu-se no “projeto olímpico”. Ninguém que levava o escudo do Vasco ganhou. Como apoteose, o cavalo dado como “já ganhou” no hipismo empacou feito a proverbial mula manca. Eurico também perdeu vergonhosamente um tri diante de sua paranoia, o Flamengo, jogando três vezes para o empate, tocando a bola pro lado na covardia. Por total falta de critério em contratações, caiu para a Segundona e tentou culpar o Dinamite. As duas administrações de Dinamite foram catastróficas porque Eurico raspou o cofre. Elegeu-se com a balela sobre a “volta do respeito”. Escrevi aqui, depois da conquista do campeonato estadual, que era mentira, Eurico e respeito não andam juntos. Aí veio o vexame total: oito jogos pelo Brasileirão sem vitória, a lanterna, a bagunça no caso Léo Moura, a palhaçada com Ronaldinho Gaúcho e Assis, e a vinda de Celso Roth, Herrera e Andrezinho. Este último vem da China. Herrera não era nem banco em Netuno ou planeta parecido. O comandante Celso Roth já esteve no Vasco. Na primeira coletiva, perguntado se esperava títulos, respondeu com arrogância: “Se seguirem meus ensinamentos e estratégias...”. Seguiram: três derrotas, um empate e uma vitória de m(*). Após esse inesquecível retrospecto, Roth fugiu para cumprir a missão de levar o Internacional ao Campeonato do Mundo. O Inter de Roth não chegou a disputar a final porque não seguiu os “ensinamentos e estratégias”. Perdeu para o time de africanos que entrou de arco e aljava de flechas em campo. Minto: o goleiro estava só com uma zarabatana para furar as bolas que viessem em sua direção.

Eurico, por um pavoroso sentimento de culpa, destrói o que dirige.

Em seu último dia de lucidez, meu pai ouviu o Vasco ser campeão. Vibrou e deu tapinhas na Cruz de Malta na camisa do bisneto Pedro. No dia seguinte, ficou inconsciente de vez e morreu pouco depois. Talvez os deuses do futebol o tenham poupado da vergonha que viria por culpa do parlapatão Charutos & Suspensórios.

O Globo 28/06/2015

Reply · Report Post