O ENCONTRO – Realizando um sonho


Olhei para o relógio. Eram 17:00 quando dei o primeiro passo para dentro do shopping. “Isso vai ser grande”, eu repetia comigo mesmo enquanto procurava a livraria. Quando a encontrei, fui direto ao caixa comprar os livros. Ambos, na verdade, pois eu queria presentar uma amiga que não poderia comparecer com um exemplar autografado de “O reino das vozes que não se calam”. Enquanto eu olhava para a capa de “Cemitérios de Dragões”, eu tentava acreditar um pouco mais naquilo que provavelmente seria o ápice do meu ano de 2014. Corri os olhos ao redor. Não parecia haver mais ninguém que estivesse lá com o mesmo propósito que eu, exceto por uma menina que estava com uma mochila visivelmente pesada nas costas. Quando descobri que ela também estava esperando o evento de autógrafos das 19:00 – e, pasmem, desde as 14:00 –, começamos a formar uma fila próximo ao lugar onde provavelmente aconteceria. Eu olhava o relógio a cada dez minutos, e duas horas se arrastaram de tal forma que dava espaço para que minha ansiedade crescesse. Em determinado momento, duas pessoas da equipe do site Entrando numa Fria, que cito com louvor pela oportunidade que me deram de dar duas entrevistas a respeito do livro que seria lançado, trocaram algumas palavras comigo e com o resto do grupo, que ocupava os primeiros lugares da fila. Foram bastante gentis conosco. Logo após isso, quando eu já não mais me aguentava, olhei para o lado de fora e senti que era de verdade. Estava acontecendo. Entrando na livraria, Raphael Draccon, o grande mestre e autor de Dragões de Éter, romance que digo seguramente ser o melhor que já li na vida. Não só pela história maravilhosa e imersiva, mas pela riqueza das entrelinhas (isto é, lições de vida, sentimentos e tudo mais), Acompanhando-o, sua esposa Carolina Munhóz, também escritora, cujos livros ainda não tive o prazer de ler (ainda). Voltou a dupla do Entrando numa Fria, solicitando apenas uma pessoa para, provavelmente, participar de uma entrevista junto aos dois no andar de cima. Sabe-se lá por que, bati no ombro de um amigo e o mandei em meu lugar (por nada, Galford). Logo após mais alguns minutos desagradavelmente longos, todos eles desceram e tomaram suas posições para que o evento em si começasse. Carolina tomou o cuidado de acertar alguns detalhes para que o procedimento fosse mais ágil, e deu a palavra para que pudéssemos começar. A simpática menina em minha frente, com quem eu havia trocado algumas palavras, se adiantou e foi logo falar com a escritora. Em seguida, Raphael apontou para mim e disse: “pode vir”. Naquele momento eu perdi o controle de tudo. Meu coração disparou, minhas mãos começaram a tremer, os livros em meus braços subitamente ficaram mais pesados. Mas eu me mantive forte. Senti que deveria fazer aquilo da forma mais natural possível, por mais que meu corpo tivesse resolvido não me obedecer direito. Após cumprimentos e um pequeno abraço, ele perguntou meu nome. Respondi: “sou o Bruno, do twitter”. E pus um sorriso de orelha a orelha no rosto quando ele lembrou. Pus os livros em cima da mesa e ele começou a assinar. Quando ele pegou o primeiro livro, eu disse “aí dentro tem uma carta que eu escrevi para você. Como meu tempo aqui é curto e provavelmente não vou ter tempo para dizer tudo o que eu quero, escrevi isso para te entregar e ficarei muito feliz se você puder ler depois.” Ele pegou o pequeno envelope pardo de dentro do livro, colocou-o no bolso e disse, sorrindo: “Pode deixar, vou ler com todo o carinho depois.” Para uma sessão de autógrafos, posso dizer que conversamos bastante. Contei a ele como conheci a obra e como me apaixonei por Dragões de Éter de forma absurda. Agradeço ao Criador por ter conseguido manter a calma e dizer tudo o que eu poderia ter dito no pequeno intervalo de tempo que eu tive. Quando terminou de autografar todos os livros que eu havia levado (5, no total. Sim, eu quis aproveitar ao máximo minha oportunidade), Raphael se levantou e tiraram algumas fotos nossas. Foi quando eu disse “Tenho mais uma coisa pra te pedir. Eu quero ser escritor um dia também, e queria a sua bênção.” Para alguns talvez pode soar irrelevante, mas para mim fazia toda a diferença. Minha resposta foi uma elegante surpresa: “Sério? Vida longa e próspera pra você então! Quem sabe um dia não é você aqui no meu lugar distribuindo autógrafos?” Aquilo acertou meu coração em cheio. Percebi que toda a grandeza da noite e do momento em si estavam reunidos naquelas palavras. O voto de confiança do meu ídolo. Do mesmo homem que me colocou num mundo fantástico do qual eu nunca quero sair. Do mesmo homem que eu quis conhecer desde que me vi em Nova Ether pela primeira vez, e que agora estava ali, me dando outro abraço e realizando meu sonho. Meus amigos me disseram que eu estava vermelho. Alguns acharam que eu fosse chorar ou desmaiar. Mas eu permaneci de pé e vivo. Eu realizei um sonho. E a sensação de realizar um sonho foi a melhor que eu tive em todos esses dezesseis anos de consciência. Obrigado @raphaeldraccon e @carolinamunhoz pelo carinho e pela atenção. Obrigado pela motivação e pela inspiração. Por tudo, na verdade. Especialmente por me fazer sonhar e acreditar. Nos vemos em breve, se assim o Criador nos permitir. Termino este pequeno relato com uma citação de Caçadores de Bruxas que eu acredito resumir bem o que eu senti durante os minutos em que tudo aconteceu. “E, para alguém que tem fé, escutar o verdadeiro Criador é algo que ultrapassa o emocionante e toca em domínios do êxtase.” É. É bem isso aí.

-Bruno Garofalo

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