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Jose porfiro · @JPorfiro

12th Dec 2011 from Twitlonger

Competitividade ainda ameaça euro, diz Solow

Por Alex Ribeiro | De Washington

Um dos problemas é a inexistência de recursos no orçamento da UE para subsidiar membros menos competitivos

Valor Econômico, 12-12-2011

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Na "zona do dólar", diz Robert Solow, governo transferiu montanhas de dinheiro para o "cinturão da ferrugem"

A Europa caminha para criar uma regra fiscal mais rígida, mas isso não elimina todas as fragilidades que minam a credibilidade da zona do euro, aponta o economista Robert Solow, ganhador do Prêmio Nobel. Faltam mecanismos para assegurar a competitividade internacional dos países que integram a união monetária.

Um dos problemas, afirmou ele num seminário em Washington, é a inexistência de recursos no orçamento da União Europeia para ajudar membros que perderam competitividade internacional, como a Grécia. Também falta mobilidade de mão de obra. Para muitos economistas, a recuperação da competitividade é uma forma de puxar o crescimento e garantir solidez fiscal.

Após reunião na sexta-feira, lideres europeus anunciaram planos para criar uma regra fiscal mais rígida envolvendo membros e não-membros da zona do euro, prevendo um limite de déficit de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) e punições automáticas para quem descumpri-lo.

São parâmetros mais duros que as regras do acordo de Maastricht, assinado há exatos 20 anos, que impõe teto de 3% do PIB para o déficit. Mas não é garantia de sucesso contra crises fiscais. O déficit da Espanha, por exemplo, ficou abaixo de 0,5% do PIB entre 2001 e 2007, mas uma crise no setor imobiliário fragilizou a posição fiscal do país a partir de 2008.

Com uma regra mais rígida, a Europa caminha mais para perto do modelo federativo dos Estados Unidos, que Solow chama de "zona do dólar". A maioria dos 50 Estados americanos está proibida por suas próprias Constituições de manter prolongados déficits orçamentários correntes.

Solow pondera, porém, que a regra fiscal da "zona do dólar" não impediu que regiões inteiras do país perdessem a competitividade. É o caso do cinturão da ferrugem, como é conhecida a região dos decadentes Estados industriais dos Grandes Lagos, como Michigan e Indiana. Os custos de produção subiram acima de outras regiões americanas, como o Sul do país, e do mundo, como a China.

Se Michigan e Indiana fossem países independentes, eles poderiam ter desvalorizado as suas próprias moedas para baratear seus custos, sobretudo mão de obra. Como membros da "zona do dólar", porém, essa solução está fora de alcance - assim como no caso de Grécia e Espanha, enquanto fizerem parte da zona do euro.

Nos Estados Unidos, diz Solow, o governo federal suavizou o ajuste econômico. "O orçamento federal transferiu montanhas de dinheiros para o cinturão da ferrugem", afirma Solow, que editou uma coletânea de artigos econômicos no livro "Crise Econômica da Europa - Perspectivas Transatlânticas", lançado há alguns dias pela Universidade Johns Hopkins.

Quando assumiu a presidência, no começo de 2009, o presidente Barack Obama organizou um pacote de US$ 85 bilhões para salvar duas montadoras da Região dos Lagos, a General Motors e a Chrysler. Hoje, as empresas são consideradas alavancas na recuperação econômica.

"O governo federal também fez transferências maciças de recursos aos Estados", afirmou o economista Martin Neil Baily, ex-presidente do Conselho de Consultores Econômicos da Casa Branca no fim do governo de Bill Clinton. Não há dinheiro para isso na Europa. O orçamento unificado da União Europeia equivale a cerca de 1% do PIB da região.

Na teoria, outra forma de atenuar a falta de competitividade é a migração de trabalhadores das regiões decadentes para as que têm mais empregos. "O dólar tem vantagens naturais em relação à zona do euro quanto à migração", afirma Solow, que é autor da teoria sobre crescimento de longo prazo das economias que virou capítulo básico nos manuais de macroeconomia. "Quase todos falamos as mesma língua nos Estados Unidos."

Muitos economistas têm apontado a Letônia, um país báltico, como prova de que é possível corrigir a falta de competitividade por meio de uma "desvalorização interna". Ou seja, manutenção da taxa de câmbio fixo, combinado com forte ajuste fiscal, queda do PIB e alta do desemprego que levam à redução dos salários e outros custos produtivos.

Um estudo divulgado na sexta-feira por um centro de pesquisas de Washington, o Center for Economic and Policy Research (CEPR), pondera porém que o custo econômico para a Letônia foi muito alto, com queda de 24% do PIB. Num conjunto de 13 países que nas últimas décadas recuperaram a competitividade externa por meio de desvalorizações cambiais, a perda no PIB foi em média de 4,5%. Um dos casos mais notórios foi a Argentina, com uma queda do PIB de 4,9%, afirmam os autores do estudo, Mark Weisbrot e Rebecca Ray.

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O DNA da Europa unida

Por Antonio C. Manfredini

É difícil imaginar quem se beneficiaria de uma grande ruptura na Europa mas, como disse Konrad Adenauer, a história é a soma de todos os erros que poderiam ter sido evitados.

Valor Econômico, 12-12-2011

A Europa unida foi recorrentemente envolvida numa roupagem econômica, mas sua natureza sempre foi política. Quando, em 1951-1952, Jean Monnet, Robert Schumann e Konrad Adenauer, entre outros, criaram a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (Ceca) - embrião do Tratado de Roma que, em 1957-1958, criou o Mercado Comum Europeu - o projeto europeu nasceu político. Em que pese a lógica econômica por trás do livre comércio dos insumos críticos da industrialização do pré-guerra e do alargamento dos mercados domésticos, a ideia sempre foi aproximar os países para evitar que o Reno voltasse a ser fronteira conflituosa.

Os horrores das guerras mundiais levaram as elites e a liderança da Europa a aceitar, de bom grado, um projeto ambicioso de uma comunidade de estados "pós-nacionais", em que a coordenação passou a ser mais importante que a soberania. O projeto político da Europa Unida produziu ganhos econômicos e níveis de bem-estar nunca antes atingidos.

A Europa unida sempre foi um projeto das elites. Apesar da importância dos regimes democráticos dos membros fundadores, o povo nunca foi chamado a participar das decisões críticas e, nas raras vezes em que o foi, disse não. A lógica econômica do euro foi atropelada em nome de ambiciosos objetivos políticos: mais Europa menos estados nacionais, mais coordenação menos independência, nenhuma liberdade para a formulação da política monetária, mas remanesceu a soberania nacional sobre a política fiscal, enquadrada pelo pacto de estabilidade - uma moldura frágil desrespeitada até por Alemanha e França.

Uma eventual solução estável e duradoura estará com os políticos. É difícil imaginar quem se beneficiaria de uma grande ruptura na Europa mas, como disse Konrad Adenauer, a história é a soma de todos os erros que poderiam ter sido evitados.

A Europa foi conduzida por iniciativas predominantemente francesas e aquiescência e recursos significativamente alemães, que se tornaram fonte generosa e silente de fundos para a urdidura do tecido europeu. Os alemães aceitaram esse encargo para construir uma ordem geopolítica em que o fantasma do "problema alemão" fosse para sempre afastado. Essa versão do problema alemão tem agora uma face macroeconômica: sob uma moeda única e nenhum grau de liberdade na política cambial, o mix de política fiscal e monetária que serve a Berlim/Frankfurt não é facilmente aplicável a outros países da UE e vice-versa.

Essa enorme crise europeia de hoje - a chamada crise do euro - é a colisão da agenda política com a agenda econômica, das elites com o povo, das proposições com sua fonte de financiamento.

Os problemas econômicos são amplamente conhecidos: 1) a zona do euro não é uma área monetária ótima; 2) muitas federações fiscais são caracterizadas por transferências significativas entre os entes federados, como condição para operar sob uma moeda única; 3) um ajuste feito exclusivamente pelos devedores em condições dramáticas gera condições economicamente draconianas que desembocam em instabilidade política (a Alemanha é o melhor exemplo: as condições muito severas impostas a ela pelo Tratado de Versailles, predominantemente por inspiração francesa, produziram não só a hiperinflação de 1923, como alimentaram um populismo político que patrocinou a segunda fase da guerra descrita por A. J. P. Taylor); 4) sem um banco central capaz de monetizá-las, as dívidas públicas não são livres de risco de default, já que são um contrato extremamente delicado entre gerações, especialmente se as condições demográficas forem desfavoráveis, como serão na Europa; 5) um banco central crível precisa estar acoplado - ainda que independente - a uma autoridade crível capaz de taxar, caso contrário há uma alta probabilidade de haver risco moral e, no limite, hiperinflação; 6) no curto prazo o único deus "ex-machina" é o BCE, mas isto pode induzir um comportamento oportunista em diferentes países; 7) garantias menos frágeis de estabilidade, provavelmente requererão um novo tratado europeu e uma nova perda de liberdade dos Estados membros: a política fiscal será comunitária.

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Dado o DNA da Europa Unida, uma eventual solução estável e duradoura estará com os políticos, dificilmente será aprovada diretamente pelos eleitores e implicará em menos liberdade e mais necessidade de coordenação fiscal entre os estados-membros

As perguntas que tornam a atmosfera pesada são: 1) a vontade e determinação política desses líderes europeus, após 60 anos do Tratado de Paris que criou a Ceca em meio às feridas do pós-guerra, ainda é a mesma? 2) as elites conseguirão vender esse projeto aos europeus de hoje, mais ricos e mais velhos e menos politicamente ameaçados pela polaridade ideológica do pós guerra? 3) os possíveis financiadores estarão dispostos a prover recursos em condições razoáveis como o fizeram pós 1945, ou serão draconianos como em Versailles em 1919? 4) E os devedores, utilizarão os recursos de forma responsável como fizeram os europeus ocidentais no pós-guerra ou teremos uma nova rodada de risco moral em escala ampliada?

Quando escrevi este artigo, a Europa Unida parecia perigosamente próxima de uma mutação adversa. Os acontecimentos posteriores, de quinta e sexta-feiras, se conformarão ao DNA da Europa Unida e podem ter alterado este processo (em que pese a decisão britânica) embora muito ainda precise ser feito para assegurar a sobrevivência do euro.

É difícil imaginar quem se beneficiaria de uma grande ruptura na Europa mas, como disse Konrad Adenauer, a história é a soma de todos os erros que poderiam ter sido evitados.

Antonio Carlos Manfredini é professor da Escola de Administração de Empresas de São Paulo/FGV


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Reunião dos líderes europeus traz pouco alívio para o curto prazo
Por José Roberto Campos | De São Paulo
A crise do euro continua do mesmo tamanho após a reunião, tida como decisiva, dos líderes europeus na sexta-feira. Vinte e seis países fizeram, sob o comando de Alemanha e França - e exclusão do Reino Unido -, a promessa de cumprir as metas de austeridade fixadas há mais de uma década, e desrespeitada por todos, governos alemão e francês incluídos, sob pena desta vez de sofrer sanções semi-automáticas. O destino da união monetária continuará a ser jogado diariamente, com as principais cartas nas mãos do Banco Central Europeu, que não tem mostrado até agora a menor vontade de usá-las. A reunião dos líderes tratou de princípios para o futuro, enquanto que a casa do euro está em chamas sem que exista sequer um bombeiro designado para apagá-las. O clima de instabilidade vai perdurar.

Tomadas em seu conjunto, não existe no horizonte qualquer ação imediata para estancar a elevação dos juros cobrados dos países que estão com dificuldades para refinanciar suas dívidas - Itália em primeiro lugar, Espanha depois. O compromisso de apertar os parafusos fiscais e homogeneizar os procedimentos pelos quais as metas fiscais serão cumpridas depende também da aprovação de Parlamentos de nove países que não fazem parte da zona da moeda comum. Com alguma sorte, em março de 2012, a maior parte dos países terão dado os principais passos em direção à colocar nas respectivas constituições nacionais a necessidade de ter um déficit público máximo de 3% e, como regra geral, a obrigação de manter orçamentos públicos equilibrados. Isso em uma hipótese otimista.

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O problema, entretanto, é que essas metas estão muito longe de serem alcançadas. Todos os países estão com dívidas elevadas e a marcha em ordem unida rumo ao equilíbrio levará a Europa à recessão - que já chegou no último trimestre do ano. Mas essa é a agenda europeia, que não reservou espaço para medidas que impulsionem o crescimento.

Não há na decisão dos líderes nenhuma luz no fim do túnel para os países da zona do euro, endividados ou não. O mecanismo financeiro de estabilização, previsto para entrar em vigor em 2013, foi antecipado para 2012, com recursos estimados de € 500 bilhões. O atual fundo de estabilização, com algo em torno de € 250 bilhões de poder financeiro real, se extinguirá em 2013 e conviverá por seis meses com o novo fundo, sem que haja muitas vantagens reais nisso. A Alemanha insistiu para que os recursos não fossem somados e o comunicado oficial dos líderes europeus não faz muito alarde sobre o assunto, embora em termos práticos isso faça enorme diferença.

As rédeas do curto prazo estão, como estiveram ao longo da crise, nas mãos do Banco Central Europeu. O presidente do BCE, Mario Draghi, jogou ao lado do governo alemão para fazer pressão contra os governos gastadores e, agora que a Alemanha aparentemente conseguiu o que queria, com custos nada desprezíveis para a governança da União Europeia, caberá a ele a última palavra. Ele decidirá se os acertos fiscais acordados na sexta-feira se encaixam na receita do BCE para socorrer Itália e Espanha, custe o que custar e façam os mercados o que fizerem. A pergunta que os investidores fazem é onde está o dinheiro que em última instância salvará os países devedores, e a melhor resposta que a reunião dos líderes conseguiu dar foi a de que o cheque será saldado no futuro, quando eles tiverem condições de pagar seus débitos.

A Alemanha, que deu a linha geral das decisões nacúpula, teve de renegar-se. Principal advogada de que os bancos privados dessem sua cota de sacrifícios para a resolução da crise - o que propiciou mais uma rodada de elevação dos spreads dos títulos soberanos - ela agora concordou com a regra de que nada mais será exigido dos bancos privados. É uma situação inusitada. Os bancos que emprestaram à Grécia terão de abater 50% do valor da dívida, mas não perderão um centavo se os demais países que usam o euro falirem.

A receita prussiana de austeridade provocou outras consequências cômicas. Proibidos de autorizarem o BCE a sustentar a dívida de países gastadores, sob pena de incorrer no risco moral, os europeus enviarão € 200 bilhões ao Fundo Monetário Internacional. Os recursos reforçarão o caixa do FMI, que dará ajuda a países em dificuldades - e não há um relevante que esteja fora da zona do euro.

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Reino Unido na UE está em xeque
Por Philip Stephens | Financial Times
Há nevoeiro no Canal da Mancha: o continente está novamente isolado. Essa desgastada anedota frequentemente descreveu a atitude britânica em relação à Europa. O mesmo ocorreu na mais recente cúpula da União Europeia (UE). O veto de David Cameron a um novo tratado da UE sobre a união fiscal deixa o Reino Unido navegando sob um desanuviado céu azul. As coisas não vão acabar assim, é claro. Isso nunca acontece.

Qualquer que seja a extremidade do telescópio através da qual olhemos, a cúpula foi um momento decisivo na relação do Reino Unido com seus vizinhos. Ele remonta à conferência fundadora da UE em Messina, quando os britânicos originalmente decidiram não aderir. Agora, como então, o primeiro-ministro no poder decidiu ser melhor, para o Reino Unido, trilhar seu caminho sem os inconvenientes impostos por seus parceiros continentais.

Governos e empresas não europeus precisam, agora, se perguntar o que, a despeito de todas as rusgas ocasionais com Bruxelas, parecia, até hoje, impensável. Será que o Reino Unido pertencerá à UE daqui a cinco ou dez anos? Não tenho certeza alguma disso. Por que razão, indagou um executivo bancário na sexta-feira, empresas que exportam para a Europa continuariam a investir no Reino Unido?

Visto de uma extremidade do telescópio, o veto de Cameron foi o momento em que os britânicos sinalizaram o início de um longo adeus à Europa; do outro extremo da luneta, é a Europa que está se despedindo dos britânicos.

De qualquer perspectiva, o efeito é o mesmo. Desde quando negociou sua não adesão à moeda única em Maastricht, 20 anos atrás, o Reino Unido conseguiu - articulando um mix de poder e habilidosa diplomacia - ficar ao mesmo tempo dentro e fora do clube europeu. A decisão de Cameron de deixar uma cadeira vazia nas negociações visando uma união fiscal na zona do euro assinala o fim dessa trajetória.

É importante inserir uma ressalva, aqui. A pressuposição de todos, na cúpula em Bruxelas, foi de que os países da zona do euro efetivamente terão êxito em salvar a moeda única e construir, em paralelo com ela, uma união política mais integrada.

Essa iniciativa ainda pode fracassar. Alguns vão dizer, depois do pouco progresso obtido na cúpula sobre o plano de resgate, que as probabilidades contra o euro aumentaram. Se a moeda única se desmantelar, o mesmo acontecerá com todas as outras ambições cultivadas pelos 17 membros da zona do euro. Supondo que isso não aconteça, no entanto, nunca o Reino Unido pareceu tão isolado.

Cameron, naturalmente, pode esperar vigorosos vivas de seus parlamentares conservadores quando prestar contas sobre a cúpula à Câmara dos Comuns. Algumas pessoas de Whitehall já estão sussurrando que foi o medo de ser alvo de chacota dos parlamentares de seu próprio partido sem cargo no governo que jogou Cameron para escanteio em Bruxelas. De qualquer maneira, muitos céticos entre os conservadores vão exultar com o isolamento do Reino Unido.

O primeiro-ministro deve aproveitar os aplausos enquanto pode. O governo agora se depara com um "efeito catraca", no qual depois de entrar-se há pouca margem para sair. Para o grupo cada vez maior de conservadores de linha dura, esse foi apenas o começo. Agora que o Reino Unido se posicionou totalmente fora o projeto econômico central da UE, por que não reabrir negociações sobre todo o resto?

Há lógica nessa posição. Se cerca de 20 países europeus tiverem sucesso em erigir uma união política, é difícil imaginar espaço para um Reino Unido, na melhor hipótese, semi-afastada. Quanto a proteger os interesses da City londrina com centro financeiro das temidas depredações por parte de Paris e Frankfurt, isso dificilmente será conseguido com um Reino Unido trancado do lado de fora nas negociações sobre o futuro formato da regulamentação financeira europeia.

E quanto aos liberais-democratas de Nick Clegg, perguntarão alguns? Certamente, Clegg, como aliado de coalizão de Cameron e forte defensor do engajamento britânico na Europa, agirá como uma contenção aos céticos. É o que se poderia esperar. Mas assim com o Reino Unido na Europa, Clegg até agora foi deixado do lado de fora da sala.

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HÁ 1 HORA E 11 MINUTOS
Persiste o risco de ataque a algum país periférico
Por John Authers | Financial Times
Em meio à acalorada especulação sobre o impacto da cúpula da União Europeia sobre o futuro econômico da Europa e o papel do Reino Unido nesse futuro, os operadores estão fazendo uma pergunta mais mundana: "Será que já fizeram o suficiente para nos levar até o Natal?" A resposta deles: provavelmente, não.

A crise da zona do euro opera em níveis distintos. Além da questão da solvência de longo prazo dos governos europeus, que o "pacto fiscal" firmado na cúpula pretende abordar, há o aspecto de liquidez; existirão, agora, recursos suficientes para manter em funcionamento os mercados de títulos e financeiro de curto prazo?

A crise soberana também está intimamente vinculada à crise bancária europeia, pois os títulos governamentais representam uma grande fatia de capital dos bancos. Para que os mercados financeiros de curto prazo se acalmem, precisam da confiança de que não haverá inadimplência ou descontos parciais sobre títulos existentes nos balanços dos bancos.

Somente o Banco Central Europeu (BCE), que tem o poder de imprimir dinheiro, pode proporcionar essa confiança. E, ao menos na visão dos mercados, o BCE não emitiu essa sinalização.

Na quinta-feira, Mario Draghi, o novo presidente do BCE, lançou uma série de medidas para aliviar os problemas de liquidez dos bancos, tais como aceitar garantias de qualidade inferior em troca de empréstimos.

Mas Draghi deixou claro que embora o BCE seja o emprestador de última instância para os bancos europeus, não está disposto a desempenhar o mesmo papel em relação aos governos europeus.

Os operadores parecem acreditar que o BCE não pode apoiar efetivamente os bancos, a menos que também proporcione ajuda de última instância a governos. Eles ficaram desapontados com o fato de a cúpula não ter produzido um acordo suficientemente vigoroso a ponto de convencer Draghi a flexibiizar sua posição.

"O presidente Draghi reagiu positivamente ao acordo, mas é provável que vejamos uma mudança radical nas compras de títulos pelo BCE no curto prazo", disse Jens Larsen, estrategista-chefe do RBC Capital Markets para a Europa.

"Isso torna mais provável do que improvável que a Standard & Poor's concretize sua ameaça de rebaixar alguns países membros da zona euro nos próximos dias".

A aparente calmaria nos mercados pode ser enganosa. O euro se valorizou ante o dólar - mas isso pode ter decorrente de repatriação de ativos pelos bancos.

As ações de bancos europeus, embora acima de seus mínimos, foram negociados por menos de metade de seu valor nominal, sinalizando graves temores de que alguns de seus ativos serão depreciados.

O rendimento dos títulos do governo italiano com maturação em 10 anos caiu 30 pontos base durante o dia, para 6,32% - mas esse percentual é ainda superior ao registrado em qualquer momento na história da zona do euro até um mês atrás.

Persiste o risco de que o mercado vá testar a determinação de Draghi atacando a dívida de um país periférico nas duas semanas antes do Natal - especialmente se uma agência de classificação de crédito fornecer uma desculpa.

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