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felipeneto · @felipeneto

15th Mar 2011 from Twitlonger

Algumas considerações sobre o vídeo "Não Faz Sentido - Dublagem", principalmente aos próprios dubladores...

Todos que assistem ou já assistiram ao Não Faz Sentido, sabem como funciona o programa. Um tema é escolhido, dentro do qual eu, pessoalmente, enxergo algo a ser criticado. Em alguns casos, como já aconteceu com as bandas coloridas ou o comportamento de determinados artistas, a crítica é colocada de uma forma generalizada. Em outros, como o da política e da dublagem, é feita a determinados pontos específicos, delineando o que considero bom e o que considero ruim. Depois do texto pronto, coloco a voz de um Felipe Neto raivoso, revoltado e exagerado.

Jamais incentivei qualquer banalização da opinião. Como já disse em um dos vídeos do segundo canal (link aqui: http://www.youtube.com/watch?v=kpiVldk2jjk): "eu não sou o dono da verdade, na verdade eu não sou o dono de porra nenhuma, só sou dono do meu requeijão, porque eu comprei ele".

O vídeo da dublagem não fugiu a credencial de todos os outros vídeos: ele é raivoso, revoltado e exagerado. Contudo, pra minha surpresa, alguns colegas de profissão (visto que dubladores são também atores) ficaram profundamente incomodados com o que foi dito nele (e nisso destaco meu amigo pessoal Guilherme Briggs, que participou do vídeo com o áudio e não conhecia o texto).

Aos amigos que sentiram-se ofendidos, peço humildemente desculpas por algumas palavras, mas peço também que tentem compreender um pouco mais do vídeo e ir além da crítica. Vou pontuar isso em alguns fatores:

1- Acho que antes de comentar sobre determinados trechos, é importante ressaltar uma coisa fundamental: centenas de milhares de pessoas, até o momento, concordaram com o que foi dito. Isso não me exime de culpa por algum eventual descuido, mas serve para que paremos por 1 minuto para pensar: "será que tanta gente está errada?". Se a voz da criança incomoda, a do negro americano, a do Jack Sparrow e tantos outros alvos da crítica do vídeo incomodam a TANTA gente, será que o vídeo mente nesses aspectos? Será que todos estão errados por simplesmente não gostar? Ou será que eu estou errado em apontar uma insatisfação generalizada? Acho que muitas vezes o traço mais importante de um artista é saber rir de si mesmo, saber admitir as falhas do que faz. Isso é algo que prezo muito, tanto que, neste vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=Q5RljDn2jLA falo mal, e de forma MUITO MAIS pesada, sobre mim. A crítica que mais nos incomoda é aquela que sentimos, lá no fundo, ser verdade, por isso o exercício que mais faço é reconhecer minhas falhas e não sentir vergonha delas, mas trabalhar para melhorá-las.

2- O vídeo da dublagem foi aquele em que mais ELOGIEI aquilo que estava criticando. O problema é quando atentamos somente a parte negativa da coisa. Quando eu digo coisas como: "trocar essa merda de áudio" ou em outras partes em que trato a dublagem de forma pejorativa, eu estou fazendo 2 coisas: a primeira é, como já falei anteriormente, falando de forma raivosa, revoltada e exagerada. Já a segunda, e muito mais importante, é o fato de que eu estou falando do lado negativo já criticado no vídeo no que refere a dublagem. Todos os pontos ruins abordados e criticados, não a toda dublagem em si. Algumas das coisas que disse no vídeo:

"Eu quero dizer que a dublagem é uma arte incrível, de verdade"
"Agora o desenho, as animações em 3D, são a única coisa que não entram nesse mérito da dublagem (crítica), porque realmente são muito bem feitos, os desenhos ficam sensacionais e muitos dos desenhos são melhores dublados do que legendados"

3- Minhas críticas ficaram muito mais focadas aos estúdios e aqueles que ditam as regras aos dubladores do que propriamente aos dubladores. O que eu critiquei no trabalho pessoal de determinados dubladores foi:
- Russel Crowe em Gladiador e Johnny Depp em Piratas do Caribe (o que de fato me desagrada muito e que recebeu a concordância da esmagadora maioria da galera que comentou). A esses dubladores, deixo um recado fraterno de quem não falou para tratá-los mal ou dizer que são péssimos, mas apenas manifestar o descontentamento com esses trabalhos específicos.
- Crianças dubladas (putz...)
- Dublagem do ator negor americano (putz de novo...)

Vamos a outro trecho fundamental?
"A grande culpa disso tudo é dos estúdios, não dos dubladores".

SÓ! Dentre todas as coisas ditas, essas foram as únicas que atacaram AOS DUBLADORES... De resto, foram apenas direcionadas aos que mandam na dublagem, basta rever o vídeo pensando nisso para perceber.

4- A participação da Mabel Cezar foi colocada no vídeo justamente pra ficar como uma resposta bem dada dos dubladores ao Felipe do Não Faz Sentido. Ela coloca o personagem no chinelo, fala verdades que deixam ele calado e ainda sai com ele admitindo o "OWNED", que numa tradução chula, seria algo como: "humilhado, vencido". Fiz isso justamente para MINIMIZAR o teor do vídeo e ELEVAR a própria função do dublador, a participação da Mabel é determinante pra mostrar como eu NÃO LEVO O PERSONAGEM A SÉRIO, eu permito que meus argumentos sejam vencidos, admito que é tudo um exagero e faço apenas pela diversão e para passar o que EU, pessoalmente, considero verdade (repetindo: de forma exagerada).

5- Tudo isso exposto, gostaria de deixar público meu pedido de desculpas ao meu amigo Guilherme Briggs, que se incomodou com o vídeo e, sem saber qual seria o texto, me mandou uma participação em áudio para a abertura do programa. Contudo, é importante ressaltar também a minha admiração extrema aos dois dubladores que fizeram parte do vídeo: Mabel Cezar e Guilherme, nenhum dos dois entra em qualquer crítica específica feita ali, bem como tantos outros dubladores (exceto o do Russel Crowe, do Johnny Depp, das crianças e dos atores negros americanos).

6- Ódio aos estúdios, aos que ditam as regras, não aos artistas. A eles, somente agradecimentos, mesmo quando não gosto do resultado de um trabalho específico.

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Espero que eu possa ter deixado claro alguns pontos. Não vim aqui fazer imagem de bom moço, nunca expliquei nenhum dos meus vídeos. Meu objetivo com este texto foi apenas por ver pessoas amigas ficando magoadas com um conteúdo que eu, sinceramente, não vejo razão para uma reação tão forte. Quando amamos o que fazemos, sentimos uma mescla de ódio e tristeza quando vemos esse trabalho ser criticado. Contudo, o último recado que deixo, é que por mais novo e inexperiente que eu seja, sinto que aprendi algo fundamental para todos nós, artistas: aprender a rir de si mesmo e não se levar a sério.

Foda-se o Não Faz Sentido, ele só faz sentido se você concordar com ele. Se não, ignore-o. E vamos trabalhar, que só assim andamos pra frente.

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