No consultório: Minha vida é um tédio > Patrícia, uma arquiteta de 29 anos, estava muito deprimida. Namorou, noivou e casou numa bela história de amor com todos os ingredientes da receita para uma vida feliz. “Não consigo entender. Tenho um marido que me adora, dois filhos maravilhosos e um trabalho que gosto. Acabamos de construir uma casa com piscina e sauna, num lugar lindo. No meu aniversário ganhei o carro que sempre desejei. Mas isso não me faz feliz, não agüento o tédio. Só tenho vontade de dormir, dormir, dormir.”

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O mito do amor romântico não passa de uma mentira porque mente sobre as mulheres e os homens e mente sobre o amor. Além de mentir que o verdadeiro amor dura para sempre, o mito exclui o conflito, a discórdia e também o tédio causado pela rotina e pela convivência afetiva íntima e fechada com uma única pessoa. A promessa fraudulenta de ausência de dificuldades pode gerar a deterioração da saúde mental.

Num estudo sobre a relação entre a depressão e o amor romântico, o psiquiatra italiano Silvano Arieti concluiu que as mulheres casadas sofrem mais de depressão do que os homens na proporção de dois para um. Nas outras categorias — solteiras, divorciadas e viúvas — as mulheres têm taxas mais baixas que os homens. Ele afirma que entre os fatores sócio-culturais que estão por trás da depressão feminina se encontra o fato de que o objetivo dominante para muitas mulheres não é a busca de um “eu” autêntico, mas a busca do amor romântico.

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