No consultório: Horror ao sexo > Judith, uma mulher de 78 anos, cuida há seis meses do marido enfermo. Orgulhosa, fala dos filhos, dos netos e das bodas de ouro que comemorou há poucos anos. Sempre se sentiu respeitada, considerada pela família, a rainha do lar. Em todos os problemas domésticos dava a última palavra. Suas convicções são inabaláveis em relação à vida íntima nesses anos todos com o marido: “Sempre fiz questão de ser a mulher respeitável. Deixei muito claro, desde o início, que sou a esposa, a mãe. As porcarias, ele que procurasse fora de casa.”

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O amor romântico é baseado na idealização e na projeção. Ninguém se relaciona com a pessoa real, e sim com a imagem que se cria dela, do jeito que se deseja. Os principais ideais e expectativas que regem esse tipo de amor são: só é possível amar uma pessoa de cada vez, quem ama não sente desejo sexual por mais ninguém, o amado é a única fonte de interesse do outro. Nenhuma delas corresponde à realidade, mas até muito pouco tempo atrás, a todos esses ideais se acrescentava a ideia de que o casamento é para sempre.

O desejo sexual entre o casal não tinha a importância de hoje e um casamento funcionava bem se fosse sustentado por uma divisão de trabalho entre os sexos. O marido dominando o trabalho remunerado e a mulher, o trabalho doméstico. O confinamento da sexualidade feminina ao casamento era importante como símbolo da mulher respeitável. Os homens resolviam as tensões entre o amor romântico e o prazer sexual separando o conforto do ambiente doméstico da sexualidade da amante ou da prostituta.

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