Agora, tudo de uma vez só, como vocês pediram, sobre a polêmica presidente/presidenta. As regras de correção de uma língua não são resolvidas por nenhuma instituição ou grupo de gramáticos. O que estes fazem é observar, nos bons escritores, os empregos que se fazem da língua e estabelecer com isso as regras. Nada impediria que as pessoas utilizassem femininos como atendentas, pedintas etc., mas o fato é que não se registra tal coisa na língua. Há palavras para as quais os usuários criaram femininos e outras para as quais não há flexão de gênero. Muitas profissões que eram historicamente apenas de homens passaram a ser também de mulheres; tais palavras, registradas nos dicionários anteriores como masculinas, agora têm de ser referidas como de dois gêneros: tenente, piloto (o piloto, a piloto) etc. Certos outros substantivos já contavam com femininos na língua: general/generala, presidente/presidenta. Ao empregar palavras,os usuários da língua por vezes fazem opções entre uma forma e outra, até atribuindo dois gêneros a algumas delas. Havia, por exemplo, poeta (masc.) e poetisa (fem.), mas os falantes da língua acabaram convencionando, tanto no Brasil como em Portugal, que poeta seria a palavra ideal para ambos os sexos (como se poetisa fosse um degrau mais baixo do que o do masculino poeta) e assim ficou poeta para os poetas e as poetas. Poetisa anda se usa, mas percentualmente bem menos. A língua registra como corretas as duas possibilidades, mas a opção pesou para o lado do masculino neste caso. Com presidente/presidenta ocorre o mesmo: existem os dois, mas o uso percentual acabará por optar por um deles em detrimento do outro. A língua não tem lógica quanto a tais fenômenos. O que os gramáticos fazem é observar os usos e registrá-los. Atendenta não existe por não ter emprego percentual de peso na língua; presidenta sim.

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