No consultório: Alma “masculina” > Vivien, uma fotógrafa de 35 anos, conta que desde a adolescência era censurada por sua irmã mais velha que a acusava de ter “alma masculina”. Ainda jovem, não entendia o que isso significava e sofria se sentindo inadequada. “Agora entendo. Minha irmã sempre sonhou com o príncipe encantado. A cada namorado que arranjava, se transformava numa gueixa. Mostrava-se frágil, dependente e submissa, só pensando em agradá-lo. Até hoje é assim com o marido. Eu nunca desejei isso pra minha vida. Sempre quis ser eu mesma e por isso sempre fui atacada.”


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O mito do amor romântico determina com tanta clareza o papel que homens e mulheres devem desempenhar no romance que, quando em ‘Ela foi injusta com ele’, considerado o filme do ano de 1933, Mae West diz ao jovem Cary Grant: “Qualquer hora em que você não tiver nada para fazer — e bastante tempo — venha”, além de sofrer pressões exercidas pela Liga da Decência que tentava proteger o público da corrupção moral do cinema, alguns críticos sugeriram que ela era um homem disfarçado.

O condicionamento cultural é tão forte que, quase 60 anos depois, a irmã de Vivien pensa praticamente do mesmo jeito. Inúmeras novelas e histórias românticas fazem sucesso desde o início do século XIX. O romance ideal — a perfeita expressão da fantasia romântica — é encontrado nos romances tipo água-com-açúcar, nos contos de fadas e na cabeça de muitas mulheres, descrevendo de forma banal a promessa do mito do amor romântico.

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