No consultório: A inveja das vizinhas > Virgínia, uma terapeuta corporal de 35 anos, mora com o filho de 8 anos num prédio de classe média da zona sul. É a única mulher divorciada do edifício, sendo todos os outros moradores casados. Apesar de não conviver com suas vizinhas, foi impossível deixar de conhecê-las, por conta das novas amizades do filho.

A maioria não trabalha e por isso se reúne diariamente na piscina do condomínio para conversar. Virgínia é independente, trabalha muito no consultório e tem uma vida social intensa. Organiza festas em casa, recebe amigos para jantar e sai com os eventuais namorados que vão buscá-la de carro na portaria ou sobem ao seu apartamento.

As vizinhas observam de longe. Certa vez, uma delas, ao encontrá-la no elevador, decidiu fazer-lhe uma confidência: “Sabe, depois que você veio morar aqui, a gente não fala em outra coisa. Ficamos comentando como a sua vida deve ser interessante e divertida, como é diferente da nossa. Eu acho que tem muita gente aqui morrendo de inveja de você.”
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Antigamente a vida não tinha mesmo muitos atrativos. As atividades eram limitadas, principalmente para as mulheres que tinham que se restringir ao convívio familiar. Mas, agora, existem muitas possibilidades de lazer, de desenvolver interesses vários, de conhecer outras pessoas e outros lugares. Sem falar numa maior possibilidade social para transgressões antes nem ousadas.

Portanto, quando uma pessoa se vê privada das perspectivas que são de alguma forma possíveis, a frustração é inegável. As pesquisas feitas sobre divórcio mostram que é a mulher que propõe a separação, cerca de dois terços dos pedidos de divórcio são feitos por ela. Em resposta à pergunta: “Se pudesse fazer tudo de novo, você se casaria com seu/sua marido/esposa?”, dos entrevistados que responderam não , 81% eram mulheres.

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