"A Cultura da Irresponsabilidade"
Eu já disse antes que não tenho paciência/disposição para manter um blog. Então, às vezes, quando algo me incomoda muito e tenho que expressar minha opinião, recorro ao twitlonger e transmito minha mensagem por meio do Twitter e do Facebook.
Pois bem, vamos ao tema da vez: Já há algum tempo, venho me sentindo indignada com a onda de criminosos caras de pau que estamos vendo no Brasil. Desde políticos corruptos a assassinos brutais, o Modus Operandi atualmente não se limita ao crime, mas inclui também tripudiar a sociedade e subestimar a inteligência de um país inteiro. Dinheiro público em malas, meias, cuecas e gavetas, e os responsáveis nada sabem, nada viram, desconhecem os fatos. Sobra sempre para meia dúzia de testas de ferro, que, diga-se de passagem, são muito bem-recompensados para se submeter a esse papel, e tudo bem, todo um país é feito de idiota, nosso QI é reduzido a um dígito e a maioria de nós aceita passivamente, dando razão para os que consideram o povo imbecil.
Basta dizer "eu não sabia", desafiando a lógica e o bom senso, e todos os fatos são magicamente transformados em intriga da oposição, complô da imprensa ou algo que o valha. O pior é ver pessoas esclarecidas, inteligentes e educadas acreditando nesses contos de fadas em que mocinhos são traídos por bandidos malvados no gabinete ao lado sem desconfiarem de nada. O brasileiro precisa deixar de pensar com a emoção, com a ideologia, e recorrer à razão, pensar logicamente sobre as chances da maior autoridade de um gabinete ter ou não controle das ações de seus subordinados e de estar ou não envolvida nessas ações.
Aí temos a outra categoria de cara de pau: Os criminosos sanquinários que desafiam todas as leis, inclusive as da física. Não basta matar a vítima, é preciso também assassinar a alma de seus familiares e subestimar a capacidade de raciocínio de todo um país. No Edifício London, onde foi tirada a vida de Isabella, entrou um híbrido de The Flash e Homem Invisível, que, em questão de segundos, atirou a criança pela janela e saiu sem ser visto por ninguém. Eliza Samúdio fugiu para a Colômbia e todas as evicências, inclusive registros telefônicos e de GPS, são meras coincidências. Um prostituta voadora adentrou o carro de Mizael Bispo em movimento. Nenhum dos suspeitos ou condenados tem a vergonha na cara de admitir que a casa caiu e tomar a única atitude digna: Confessar o crime e dar paz às famílias, que precisam de um desfecho.
Cada vez que lemos os jornais, ficamos mais e mais abismados com a criatividade para criar versões fantásticas para justificar o injustificável. E parece até que nossa obrigação é aceitar esses pretextos, passar a mão na cabeça dos culpados. Pensando sobre o tema, concluí que a raíz disso tudo está na forma como a educação no Brasil é permissiva, os pais acobertam os filhos ao invés de corrigir seus erros. Quando uma criança vai mal na escola ou briga com um colega, a culpa sempre é do colega, do professor, do diretor do colégio. Não é raro ver pais e mães fazendo escândalos para exigir que os erros de seus filhos sejam apagados: "Meu filho reprovou o ano? Não reprovou, não! Eu conheço o dono deste colégio, vocês vão todos para a rua!"
Quando o filho é pequeno, "é coisa de criança". Quando cresce um pouco, "adolescente é assim mesmo". Mas e quando vira adulto e joga uma criança pela janela, manda aniquilar a Maria-Chuteira inconveniente ou atira o carro da namorada na represa? Aí o judiciário, a imprensa e a sociedade é que são pressionados a deixar para lá. A imagem de Antonio Nardoni defendendo o filho do indefensável será sempre emblemática. Pais como ele poderiam escrever um manual: "Como manipular o sistema ao meu favor e não me responsabilizar pelos meus erros". É a cultura da irresponsabilidade.

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